O livro assenta num estudo sociológico e histórico acerca da tourada portuguesa, para perceber como se configura historicamente e de acordo com as transformações que sofre a sociedade onde se enquadra.
“Durante os dois últimos anos, ao regressar a casa após as minhas aulas, encontrei com frequência um grupo mais ou menos numeroso de pessoas concentradas na Praça do Campo Pequeno , em Lisboa. Lançavam gritos de protesto contra a tourada que iria ter lugar nessa noite. Ocupavam um espaço delimitado por barreiras metálicas sob a vigilância de vários polícias e exibiam cartazes denunciando aquilo que, na sua opinião, era um ato de crueldade e cobardia para com os touros que seriam lidados. Surpreendia -me sempre o vigor e a intensidade da sua reivindicação, além da sua resistência: já longe, e a jantar com a minha família, ainda era possível ouvi -los. Ao mesmo tempo, os espetadores que assistiriam ao espetáculo conversavam fora antes de entrar na praça. Pela sua atitude, não pareciam excessivamente incomodados com o protesto. Cumprimentavam -se à espera de aceder ao recinto para mais uma noite de cavaleiros e forcados. Os que aguardavam pela chegada de alguém, fumavam, caminhavam erraticamente ou submergiam o olhar nos écrans dos seus telemóveis.”, pode ler-se na introdução do livro da autoria de Fernando Ampudia de Haro.
Fernando Ampudia de Haro é professor na Universidade Europeia, em Lisboa. Doutorado em Sociologia pela Universidade Complutense de Madrid, é investigador no CIES-IUL e tem publicado na área da sociologia histórica, nomeadamente Las bridas de la conducta: una aproximación al proceso civilizatorio español (2006).
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