CAMPO PEQUENO–TEMPORADA 2015 ENCERRA COM CHAVE DE OURO
Noite memorável de Marcos Bastinhas e triunfo grande de Ana Batista.
A Temporada taurina da Monumental Praça do Campo Pequeno encerrou ontem, 1 de Outubro de 2015, as suas portas com uma extraordinária corrida de toiros a evocar as touradas Reais. Como vem sendo hábito a noite abriu com o cortejo evocativo das corridas de Gala á Antiga Portuguesa, para depois se escutar a primeira grande ovação da noite.
D. Francisco Mascarenhas foi agraciado pela empresa do Campo Pequeno com o Trofeu Prestigio e em agradecimento o cavaleiro ofereceu ao Museu da praça Lisboeta a casaca com que se estreou na capital, apenas com 10 anos de idade.
Volta a arena com o público de pé numa tremenda homenagem a esta glória do passado com 70 anos de alternativa.
Para o êxito da noite contribui-o em parte o curro enviado pela ganadaria Passanha. Corrida bem apresentada mas de jogo variado. Cumpri-o o lidado em 3º lugar. Mansos e complicados o 1º e 2º e os restantes de nota superior com destaque para o lidado em 5º lugar a fazer jus ao velho ditado taurino “no hay quinto malo“.
António Ribeiro Telles lidou com sabedoria o que abriu a função. Complicado e mansote teve em António um ginete a altura. Nota para dois curtos com marca da casa.
A Rui Salvador tocou-lhe o pior da noite, manso reservado, com investidas pouco franca para depois adiantar-se uma barbaridade. Este é o tipo de toiro que “destapa toureiros pouco postos”.
Não é o caso, e Salvador esteve um senhor toureiro, arriscando tudo numa lide quase impossível. O público reconheceu no final o labor do toureiro de Tomar.
O rejoneador espanhol, Fermín Bohórquez veio a Lisboa despedir-se da afición nacional. Lide regular com sortes a tira e sempre muito aliviado. Lide de mais a menos. No final foi carinhosamente saudado e aplaudido pelo público presente.
Após o equador da corrida, tudo foi diferente e chegou Ana Batista. Uma lide para recordar. Extraordinária nos cumpridos de praça a praça e depois nos curtos houve valor emoção e muita raça. A cavaleira de Salvaterra de Magos está num momento extraordinário quando cumpre 15 anos de alternativa. Lide de muita verdade.
A Marcos Bastinhas tocou-lhe o quinto da noite e que noite. Após comovido e sentido brinde – via televisão – a seu pai, Marcos encheu o redondel da monumental Lisboeta com verdade, emoção, raça, querer e muita decisão.
Nos cumpridos, ferros de praça a praça após brega num palmo de terreno. Lidou e toureou como os grandes e nos curtos a praça explodiu. Ferro após ferro Marcos escreveu uma enorme homenagem a seu pai. Terminou como começou em triunfo, com um de palmo e um par de bandarilhas por dentro. No final da lide, lágrimas de emoção e triunfo gordo.
A noite fechou com Rouxinol Júnior. Com um apurado sentido de lide, esteve enorme a bregar, a lidar e a cravar. Sincero durante toda a lide, o mais novo da Dinastia Rouxinol chegou facilmente ao público pela sua entrega e verdade.
Noite de grandes pegas a cargo dos Amadores de Lisboa e dos Amadores de Alcochete. Pelos Lisboetas, Manuel Guerreiro, num pegão, Pedro Gil e Eurico Medronheira.
Pelos Amadores de Alcochete, na pega da noite, Nuno Santana suportando violentos derrotes que aguentou uma barbaridade, António José Cardoso, outra extraordinária pega e por último o cabo Vasco Pinto. No final ambos os Grupos foram despedidos calorosamente.
Todos os intervenientes deram, merecidamente, volta a arena fortemente aplaudidos pelo público que preencheu a praça em ¾ da sua lotação.
Sobe a batuta do Diretor de Corrida, Pedro Reinhardt a temporada Lisboeta encerrou com chave de ouro.
J. Salvador